quarta-feira, 4 de agosto de 2010

FRONTEIRAS

Ao virar-me na esquina,
rua que ficou para trás:
tempo em que a procurei,
em que ergui meus sonhos,
minha intensidade angular.

Rua de cores desbotadas,
veredas obscurecidas,
ventos sacudiam folhas.
Em meu desespero,
mundo devastados

[envolto em muitas sedas,
sonhei carícias desejadas,
e beijos, beijos convincentes,
palavras que não existiram,
nas simulações convenientes].

Ao virar-me na esquina,
não mais vesti sua carne,
nem sua ardência, nem seu dizer,
advinhava-me autêntico e frio.

Então já me percebia fluido,
evocava deuses flácidos,
meus passos desnecessários.

Ah, minhas continuidades inventadas,
dimensões nulas de corpo colorido,
ilusões de eternidade cósmica:
tenho estrelas nas mãos!

Nenhum comentário: