sexta-feira, 25 de setembro de 2009

TERNURA

Dê-me um beijo, ele será o mundo,
e inventemos um imenso passeio,
uma prece aos talentos dos sonhos:
não choremos por nossa permanência,
não nos maltratemos!...

Com nossas vergonhas e vexames,
comporemos flores inexplicáveis,
variando-as em muitos chãos usados,
chãos plenos de fracassos e tristezas.
São surpreendentes nossos ídolos medíocres!

As coerências do mundo não nos implicarão:
aos olhos dos homens que se angustiam,
somos delicadamente brutais e vazios,
temos o calor que afasta a mão oferecida.
Beije-me, vá, beije-me!...

domingo, 20 de setembro de 2009

MAPA ABSTRATO

Planos, retas, espaços,
esboços e exasperações...

Parecer dizer e sofrer,
traços dispersantes,
procuras excessivas,
o correr dos sentidos,
o fugir.

Nas digressões, a monotonia,
o imenso vazio das coisas.

Espasmos em demasia,
as conveniências dos enganos,
ilhas se perdem no escuro do oceano,
ectoplasmas de almas,
a exaustão, a desistência.

sábado, 19 de setembro de 2009

CATARSE

Pés negros batidos no chão,
calejados, feridos, sangrados,
seqüências alternadas:
complexidades.
Corpos giram:
encadeamentos de lógicas.

Percussões ecoam,
vozes cantam uníssonas
nos rituais dos métodos,
tambores das noites.

Nos ritmos dos espíritos,
inteligências de mecânicas,
agregações e purificações,
retiram-se peixes do mar,
removem-se troncos e pedras.