quinta-feira, 16 de julho de 2009

O BANQUETE

Uma taça transbordante,
o sangue é vivo e quente...
Um coração mecânico pulsa,
o pão está numa mesa de ouro.

E todos se sentam à mesa,
tomam o sangue e a carne,
sentem seus pés firmes no chão,
tudo fazem sob uma condição inútil.

Há uma construção inusitada,
um chão bem limpo,
um espaço vazio
e um cérebro que flutua.

E há uma luz muito tênue,
um sol muito distante,
a água dos peixes multiplicados,
e os esgotos da cidade.

As calçadas são de uma rua gasta,
óvulos são deixados em um canal.
Na sarjeta, o contato das coisas,
no beijo, destila-se o veneno.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

CONFISSÃO

Unicamente diante de seus olhos,
minha imagem de conformidade,
que é dor de meu profundo sono,
intensidade de minha alma,
minha ilusão atroz.

Tenho-a deslizando em meu tempo,
prisioneira de minha confissão sem voz,
do que construo porque me destrói.

O que eu diria somente a seus olhos?...
Nada diria, porque meu olhar é lunar,
é como a noite da solidão do campo,
é o intenso segredo que me rói!