quarta-feira, 13 de julho de 2011

O lado de dentro,
onde estão pessoas antigas
e os ausentes.

Luzes pálidas esticam-se fracas e nuas sobre todos,
luzes de silêncios fixados, lâmpadas de teto.

Conversas fúteis, palavras desnecessárias.
Bocas alongam-se e retraem-se: vozes,
contornos de lábios e hálitos inúteis,
há noites retidas nas palavras.

Olhos desbotados, acostumados,
eles se trocam nas mesmas faces,
novas costuras em roupas antigas,
as lâmpadas estão bem fixas.

E moscas dormitam, sempre dormitam...
Nos fios que prendem as lâmpadas, na quietude.
E sólido e conciliado o lado de dentro.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Quase não se vê a poeira,
o que permanece, a ordem,
princípio e fim....

Ela sempre cai lentamente
sempre única, leniente,
na sala das imagens presumidas.

Há um saber e um quarto recusado,
o valor de um relógio de parede
e um desconhecido significado da rua.

Tudo é discreto...
Até as desestabilizações do ar aprisionado.

[Sala de visitas]

sábado, 2 de julho de 2011

Sempre o instante administrado,
o não-acontecer:
adequações.

Na fria lama de terra e sangue,
répteis deslizam sem voz.

Vestidos com ventos,
esqueletos e almas detidas,
equilíbrios, articulações.

Tudo se supõe resolvido
(nas latências, nos segredos lacrados),
há simetrias, ar e luzes coniventes.

E tem-se a propriedade, a casa,
e o alimento é o tempo conservado.
No teto, o vértice da carne adormecida.