domingo, 27 de junho de 2010

JANELA DA MADRUGADA

Cidade que não é minha,
por que, cidade, por que
suas luzes ficam amarelas e fracas,
apesar das claridades de seus dias?

Em suas ruas, apenas chuva sem rosto,
e definitivas imobilidades de veículos...
[As paredes protegidas pelo silêncio,
os imensos sonhos dos homens].

Em seu vento do nada, cidade,
corpos inviabilizam-se cegos
e trazem-me a inutilidade do sono,
madrugada que se inicia desnecessária:

nos longos apitos em sua penumbra,
só os velhos vigias da invisibilidade,
a confusa solidão das contingências,
o que não tem voz, o que não pode ter voz;

nas invalidades de minhas magias,
o avesso dos chinelos que tenho nos pés,
o relógio que tenta organizar o tempo,
o não de agora, o não de mim mesmo.

Vento do nada, por favor, vento:
devolva-me o que levou, devolva-me!...

2 comentários:

Anônimo disse...

Será que vale perguntar o que foi que o vento do nada levou? Quantas coisas ele pode levar, não é?

Doroni Hilgenberg disse...

Para todo o insone, as madrugadas são desnecessárias, mas só aqueles marcados pela vida, não mais enxergam a magia de um alvorecer...
Também queria o que o vento levou mas...talvez tenha me deixado mais do que eu merecia.
bjs