Na ladeira dos homens passados, sempre,
as descobertas dos vultos e das sombras,
sol ardente sobre escadas alternadas...
No topo da ladeira, o objetivo,
a suavidade do vento nos olhos,
o ar que se respira.
Lá embaixo, sob telhados tumultuados,
mulheres e meninos desencontrados,
nas ruas, os carros distantes;
no alto, na moita-esconderijo,
carne de seda ardente que espera
e passos quase imobilizados.
No não-acontecer,
sentidos e perspectivas,
pés em gramas densas e molhadas,
respiração e ansiedade,
codorna voa para o alto,
o céu é cúmplice do silêncio.
E, nos arredores da inércia,
há cheiros de fezes e urina,
chão imundo e imperdoável,
é dia, ainda não há estrelas.
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
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Um comentário:
A memória das casas e das ruas - quantas vidas passaram por elas, quantas tardes, quantos verões... Vi no teu poema, Roberto, uma ladeira antiga, destas que têm histórias pra contar.
Bom fim de semana, Abraços!
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