domingo, 3 de maio de 2009

NO CAVALO ROUBADO

Vamos logo, agora mesmo, maravilhoso cavalo!
Leve-me agarrado em seu corpo de pêlo castanho,
na liberdade de suas crinas ao vento!

Já, no bater da cancela deste curral,
com meus pés-menino apertados em seus vazios,
para longe dos tijolos e dos sentidos das casas...

Há um bueiro que desafia o céu,
o barulho das maquinarias,
o forte cheiro do caxixe,
os canaviais invasores dos olhos,
das colinas mundo,
o calor do açúcar quente.

Leve-me para longe, bem longe!
Para bem depois do mandiocal,
do cemitério dos nativos esquecidos,
para a imensa mata do dia apagado,
para as grutas das onças adormecidas
e os rastros das cobras noturnas...

Leve-me onde está a santa-cruz do preto sofrido,
entre as árvores que os homens não abraçam,
onde estão os negros cavalos-do-cão
e as arapuás que se misturam aos cabelos,
fecham os ouvidos, fecham as narinas
e cegam os olhos!

Leve-me para onde estão as cigarras da tarde,
eternas em seus gritos tão distantes e solitários,
mas não me deixe esquecer o que já existe!

4 comentários:

nydia bonetti disse...

Ah... Se fosse possível, roubar um cavalo e sair por ai, voltar ao passado, invadir paisagens que não são nossas, bosques e campos, outras vidas, outros tempos, e o vento, o vento... Teu poema me fez viajar, no cavalo do pensamento...:))
Boa semana, Roberto!
Beijo.

Pat Rocha disse...

Tem garupa pra mim?....
beijo

Roberto Costa Carvalho disse...

Ah, Nydia!... Quando menino pequeno e saía pelos pastos com uma corda na mão ou entrava sorrateiro em um curral, para roubar um cavalo, o mundo tornava-se meu, suas paisagens e seu vento também... Totalmente meu, totalmente!...
Só deixava de ser meu, quando me tomavam o cavalo, o que era muito difícil: eu era muito atirado na vida, para o grande desespero das pessoas e do mundo.

Roberto Costa Carvalho disse...

Oi, Pat!
Que alegria que sinto!... Você por aqui?
Claro que tem garupa, é só dizer "upa" e pular encima.
...
Já pulou?