Lá, na vermelhidão do horizonte,
onde tão-só os olhos alcançam,
o imenso incêndio, o termo da luz,
o fogo eterno que procura a noite.
Nas ave-marias da pequenina cidade,
três badaladas em um sino sem eco,
braços abrem-se em negras asas de pele,
vultos cegos desordenam-se no ar.
Corre ônibus, corre ônibus!...
Corre para o fim do tempo, corre
em busca do que sempre se distancia,
do bem depois do fim do mundo!
Corre com seu barulho permanente,
com a triste monotonia de seu motor,
no sono de tudo que passa,
no triste silêncio da solidão!
Ao longe, os serrotes escurecidos,
os rochedos desnudados do tempo,
o que tanto detém meus olhos,
as capoeiras secas, as poucas árvores...
No sol-das-almas, há o frio do nada
e as árvores são vultos necessários,
são sombras sinistras que se libertam,
a poeira do tempo cessado...
domingo, 15 de fevereiro de 2009
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Um comentário:
Que imagens fortes, Roberto.
Intensamente belo, apesar do desencanto...
beijo
Nydia
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