sábado, 27 de junho de 2009

"BUATE" ACAPULCO (1)

Na esquina com o beco imundo,
da comprida rua suspeita;
nas agitações das noites,
no sossego dos adormecidos,
no silêncio das casas fechadas:

a velha escada quase não range,
canções fortes ecoam lá encima,
voz sonora em velha vitrola,
traições, fracassos, desilusões,
as promessas dos corpos manchados.

No salão, lâmpadas vermelhas e azuis,
misturas de meias-luzes embrumadas,
mesas com seus panos enodoados,
as velhas cadeiras com vernizes gastos,
as impudências, os sentidos e os olhos:

algumas mulheres que esperam,
minhas belas possíveis...


(1) Um antigo estabelecimento do interior mineiro.

4 comentários:

nydia bonetti disse...

Roberto
As lembranças nunca perdem seus "sutaques"...
boa semana! abraço.

Roberto Costa Carvalho disse...

Recusar-se a um comentário de Nydia é como recusar-se ao mundo.

Não só as lembranças não perdem seus "sutaques", mas também os ambientes, quaisquer que sejam, antigos ou atuais. E sempre há panos enodoados, velhas cadeiras e as "belas possíveis", ainda que não sejam as aceitáveis.

Doroni Hilgenberg disse...

Roberto

E olha você com um poema não tão serio como os outros.
Viver é recordae e só imagino essa Buates enodoada pelo tempo e pelas lembranças mil...
Lá em nossa cidade, tinha o
"Castelinho" que diziam que era um inferninho muito especial...
Que sei eu?
bjs

Roberto Costa Carvalho disse...

Oi, Doroni!
Será que não tão sério? Era uma rua comprida demais, que dava para uma rodovia federal. Uma rua muito suspeita, cheia de prostíbulos. Das belas possíveis, a realidade humana sempre densa, sofrida e não tão longe da vida, do mundo. Pena que nunca as procurei, apenas as via. Faltava-me, então, a ousadia necessária.
Muitas vezes, a frieza da objetividade é apenas uma aparência.