sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A TRISTE MOÇA DA SALA

Ela, seus ouros envelhecidos,
seus antigos brinquedos violados.
Nos olhos e nos lábios sem expressão,
ela perfeitamente:

roupas apagadas de meio-de-sala,
do silêncio do corpo sobre a poltrona;
sob cabelos caídos, a substância negada,
o rosto voltado para os pés;

compondo o tempo e as sombras,
as opacidades das paredes,
seios esmagados, deformidades,
o espelho e os retratos apagados;

e, nas imagens e no chão exaurido,
há uma antiga criança deixada,
há o vazio dos passos, dos gestos,
e há vultos elaborados que vagam.

Tudo está decidido ali, naquele lugar,
nos movimentos aparentes das pessoas,
nas intransigências das expressões,
na imobilidade do ar!

Há desistências, há desistências...

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