sábado, 14 de junho de 2008

DESARTICULAÇÕES

Em meus ouvidos se injetavam palavras,
os uivos do tempo que construí e possuiu-me,
E meus olhos se invertiam fechados,
minha alma, uma silenciosa chama irresolvida.

No lado de fora, haveria outro tempo,
o da umidade pegajosa sobre o corpo,
o do calor imóvel e da mudez das ruas
que imenso pássaro branco sobrevoava...

Ah, os guinchos do imenso pássaro branco!...
Ele me assustava, congelava-me a carne,
fazia-me o pressentir de um corpo imutável,
meu caminhar vazio na cidade sem esperança:

meus passos na noite das ruas,
na noite das casas dos homens adormecidos,
dos imensos prédios centrais abandonados,
dos veículos ausentes, das pedras desvividas.


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