sexta-feira, 30 de maio de 2008

Amanhecer

Então o Sol veio de depois do mar,
veio de detrás dele, bem de longe;
água-chumbo acabada na praia,
mansidão de brisa e de marulho,
tempo imobilizado no céu de mostarda.

Lâmpadas que se apagaram,
o chão de areia endurecida de água,
os pequenos passos-poça que ficavam,
qualquer dia, um dia repetido e cansado,
o odor da comida que se desejou.

Mil lampejos de cores nascentes,
velhos vultos atléticos nas calçadas,
muitos aparelhos de tv já ligados,
vias de casas e templos convergentes,
os incontáveis sonhos estabilizados.

Então, ao passar dos primeiros veículos,
inúmeras virgens dançaram como vestais,
senhores e senhoras muito se ensimesmaram.

Os pássaros foram matinais,
as pequeninas crianças, risonhas,
e alguns meninos e meninas, desencantados...

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