domingo, 25 de janeiro de 2009

EXEGESES SOBRE UMA CARTA DE TARÔ

Há o que vem do útero das estrelas,
fruto da penetração da luz nas trevas,
e está nas muitas encruzilhadas
das solitárias paisagens douradas,
onde se oferecem pistas falsas
e liras sedutoras aos enganados,
e lisonjas, muitas lisonjas...

Ah, viajante primordial,
mensageiro dos mensageiros,
que, com mãos encantadas,
transporta taças douradas,
que são túmulos de pedra fria
ou desvios da paixão e da vida,
os termos da alma partida!

Dominados os quatro elementos
e as vontades que nos são próprias,
o céu estará em sua mão direita,
no chão, um caminho que se estreita,
pois na terra, na água, no ar e no fogo,
estarão os tortuosos desvios,
as consumações e os transvios.

Moedas estarão espalhadas,
e duas víboras serão seus bastões,
as concretas razões das divergências
e também das sutis convergências.
Há um inevitável abismo humano,
em que o não-ser prepondera necessário
e contrapõe-se ao olhar visionário.

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